sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Segredinho

Apesar de não adotar a grafia lusa (com seus blogues, hiperlinques e quejandos), procuro, na medida das minhas capacidades, imitar a prosa portuguesa. Não se trata de pedantismo. O fato é que nenhum blogueiro da Terra de Santa Cruz, pouco importando sua cultura ou erudição, consegue ultrapasssar as virtudes ultramarinas. Existe em quase tudo o que se escreve aqui uma espécie de ânimo exaltado, um tom escandalizado de indignação pudica. Poucas vezes tive o prazer sublime de me deparar com polêmicas tranquilas, sem nenhuma tentativa de desqualificar o oponente. Muito menos com a capacidade de aceitar opiniões radicalmente contrárias com ar blasée, e até generosidade. Não posso deixar de notar que a tendência grosseira de nossos direitistas faladores anda se acentuando exponencialmente com a difusão do alborghettismo. Agora, além de baterem o pezinho, acrescentam palavrões e insultos horríveis a seus cardápios argumentativos.

Outro vício irritante é a falta total de habilidade em fazer e entender ironias. Não que eu me julgue plenamente capacitado a tanto, mas já tive de interromper discussões cibernéticas apenas para dizer "Fulano está brincando!". Se esta falta de apreço pelo humor refinado viese sozinha, tudo bem. Mas não: ela se une a uma afeição incoercível pela piadinha tosca, pelo gracejo adolescente, pelo insulto baixo.

As exceções existem, claro. Ainda assim, o aspecto que o Brasil apresenta é o de uma ilha, perdida no vasto Oceano. A questão que se levanta é se seu isolamento é apenas de Portugal, ou da civilização inteira.

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