Surge a velha desconfiança do calvinista contra o poder temporal: não existe poder temporal de direito divino; mais depressa será de direito satânico. "O mal, como mal, domina freqüentemente sobre a terra, e por muito tempo, e a doutrina verdadeiramente cristã chama Lúcifer de príncipe deste mundo." Sobretudo "todo poder é mau". "Todo poder é mau."
Creio que o modo de alinhar, ou contrariar essa proposição, é aquilo que determina mais claramente a posição política de um sujeito. A mim, ao menos, a tese referida já causou alguma insônia. Afinal, que justificativa se poderia apresentar para se rejeitar a concentração e a centralização do poder estatal, senão a afirmação que o Poder Temporal é, em si mesmo, mau? Entretanto, como conciliar (se for possível) um negócio tão extravagante com a consecução do governo ao Bem comum?
Sei lá, bicho. Mas encontrei no desafio de Calvino o incentivo para estudar ciência política seriamente.
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